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Edite de Jesus

Especialista em psicopedagogia clínica e institucional e neurociência.

Email: editejesus@yahoo.com.br 

O QUE NOS RESTA AFINAL

 

Existe um momento em que a mente por mais barulhenta ou reflexiva que seja, necessita de um “stop”, ou seja, para por instantes ou na liberdade opta escolher outro foco. Mas por mais que excessos de informações possam gerar desestímulos em certa medida, o refletir e colocar a mostra os pensamentos para alguns é algo quase intrínseco. Enfim, falo na terceira pessoa, apontando para a primeira.

 

Por um tempo preferi não emitir opiniões, versar sobre os temas mais polêmicos dos últimos meses. Apesar disso, torno-me impulsionada a apresentar aqui algumas reflexões acerca das mostras “artísticas” mais comentadas no país nos últimos tempos. E para ser um pouco mais breve e direta vamos ao primeiro ponto, reitero que ao menos a meu ver, e considerando o feedback nas redes sociais, foram as mais comentadas ultimamente. Esse ponto se torna crucial, visto que o objetivo primordial de uma exposição é a visibilidade.

 

Pois bem, creio que ao fazer referência as polêmicas exposições artísticas para uns e nada artística para outros, boa parte da população brasileira relaciona quase que automaticamente a exposição do Santander hall em Porto Alegre-SC e a última exposição do MAM – Museu de Arte Moderna em São Paulo-SP. Vale lembrar que anterior a essa exposição, outra não menos bizarra já causou estranheza, uma peça de teatro chamada “macaquinhos” apresentada em São Paulo e no Ceará como arte e cultura no SESC não passou despercebida de críticas populares. Nesse sentido, torna-se evidente que de uma maneira ou de outra as pessoas envolvidas com esses eventos atingiram os objetivos. Não tenho a pretensão de discutir o que é ou não arte, tampouco me colocar em uma posição de crítica de arte, pois estou distante disso, mas se tem algo que temos o direito e podemos fazer sem sermos especialistas de assuntos específicos é refletir e analisar diferentes realidades e fazer nossas escolhas.

 

Apesar de diversos apelos visuais aos quais somos submetidos diariamente, temos fundamentalmente o direito de optar sobre o que nos é aprazível aos nossos olhos e o que não é. As definições de arte são tão inúmeras quanto suas representações, em resumo se define em qualquer coisa, e assim tudo seria arte. Mas de fato qualquer coisa pode ser arte? E a arte está isenta de cumprir princípios constitucionais? E para além disso, temos outra problemática, o tudo do outro pode não caber no “meu tudo”.  As interações são necessárias, mas possuem seus limites, assim como o homem é limitado. Portanto forçar que cheguem a todos, algo que para alguns é inadequado, vexatório ou simplesmente desinteressante é ultrapassar esses limites.
 

Não entrarei no mérito das nuances e implicações das exposições em si. Como o palco das redes sociais já serviram para nos apresentar essas exposições e voluntária ou involuntariamente nos tornamos expectadores lamento ter aumentado a audiência das mesmas, pois as considero de extremo mau gosto, além de outros adjetivos possíveis. Vale lembrar que todas as posturas questionáveis e amplamente discutidas como vilipêndio de objetos e cultos religiosos, apologias a condutas criminosas, enfim tudo que gera desconforto e até revolta nada representa para os organizadores e financiadores desse tipo de evento. Pois o que buscam é visibilidade e estão conseguindo exatamente o que querem. O que nos resta afinal?

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